Fotografia contemporânea de viagem

O ecossistema fotográfico vive processos mutantes expressivos desde o advento da tecnologia digital, e ocupou um status de coadjuvante por quase duas décadas no jornalismo digital, como complemento dos textos. Nesse ecossistema de mudanças e reconfigurações, destacam-se algumas transformações definidas neste trabalho como fatores interrogativos fundamentais na reconfiguração do ecossistema midiático contemporâneo, onde a fotografia se insere de maneira expressiva.

A fotografia de viagem faz parte da sociedade desde o surgimento das primeiras câmeras fotográficas portáteis. Com elas, cidadãos comuns passaram a registrar lugares para a sua imortalidade. Porém, a fotografia de viagem antecede este movimento coletivo. De fato, ela surge com a própria fotografia, especialmente para o registro de expedições antropológicas, mostrando ao mundo através de imagens civilizações até então desconhecidas.

Este livro resulta de cinco projetos de pesquisa, desenvolvidos desde 2016. No período, foram pesquisados, especificamente, temas relacionados ao uso da fotografia como linguagem predominante, assim como a busca por um método de produção que atendesse tais expectativas. Para o desenvolvimento da pesquisa retratada nesta obra, adotam-se ideias de Henri Cartier- Bresson (2015), quando o mesmo defendeu o valor da fotografia de viagem em uma sociedade que contava com mobilidade planetária restrita, para poucos, algo que sofreu a perda do potencial desse tipo de narrativa fotográfica a partir das últimas décadas do século XX, com a facilitação da mobilidade humana.